Toque de recolher ~ Eliana Lúcio |
Translated by Camila Alencar
The TouchThis is the touch.
Sibilant, clear and profound.
It´s not the one of the silence.
It´s not the one of the death.
he boys of Goiás know it.
Some laugh, some cry, others flee.
his is the only touch where hands take no action.
It´s strong.
Strong and sad.
It´s not the one of the silence.
It´s not the one of the death.
he women of Goiás know it.
Their sense of smell don´t smell
The sandalwoods, nor the arid lands.
Their eyes hardly see
The yellows of the harvest
being lashed
By the ants and the winds.
It´s strong.
Strong and sad.
It´s not the one of the silence.
It´s not the one of the death.
The men of Goiás know it.
The blindfolds covering their speech
Don´t pass through the openings.
Their boys still flee.
Their women hardly see.
Their rice has been harvested.
But the touch is persistent.
It´s not the one of the silence.
It´s not the one of the death.
[in Arco Vermelho, 1983]
O Toque
Este é o toque.
Sibilante, claro e profundo.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
Os meninos de Goiás conhecem.
Uns riem, uns choram, outros fogem.
É o único toque em que as mãos não agem.
É forte.
Forte e triste.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
As mulheres de Goiás conhecem.
Seus olfatos não sentem mais
os sândalos, nem os agrestes.
Seus olhos mal veem
os amarelos da safra
serem açoitados
pelas formigas e pelos ventos.
É forte.
Forte e triste.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
Os homens de Goiás conhecem.
As vendas que tapam suas falas
não passam pelas frestas.
Seus meninos ainda fogem.
Suas mulheres mal veem.
Seu arroz foi colhido.
Mas o toque é persistente.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
[in Arco Vermelho, 1983]
Este é o toque.
Sibilante, claro e profundo.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
Os meninos de Goiás conhecem.
Uns riem, uns choram, outros fogem.
É o único toque em que as mãos não agem.
É forte.
Forte e triste.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
As mulheres de Goiás conhecem.
Seus olfatos não sentem mais
os sândalos, nem os agrestes.
Seus olhos mal veem
os amarelos da safra
serem açoitados
pelas formigas e pelos ventos.
É forte.
Forte e triste.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
Os homens de Goiás conhecem.
As vendas que tapam suas falas
não passam pelas frestas.
Seus meninos ainda fogem.
Suas mulheres mal veem.
Seu arroz foi colhido.
Mas o toque é persistente.
Não é o do silêncio.
Não é o da morte.
[in Arco Vermelho, 1983]